Um Gargalo Chamado Val de Cans

     Na contramão de uma cidade em franco desenvolvimento e uma região altamente promissora, está um aeroporto defasado e obsoleto. O terminal de Val de Cans parou no tempo há exatos 22 anos. O momento do estado é favorável, o Pará respira desenvolvimento e crescimento nos próximos anos. Belém é a possível futura sede da COP30 em 2025 - a conferência mundial de mudança do clima das Nações Unidas - sem dúvidas o maior evento já realizado na capital do estado em todos seus 407 anos. A mineração impulsiona a economia do estado, assumindo o posto de maior estado minerador do Brasil, feito nunca antes alcançado. A descoberta do petróleo na costa paraense, depois de vários anos, finalmente terá a exploração de suas bacias iniciada. O turismo - que era praticamente 'inexistente' - finalmente começa a respirar, devido à evidência que o estado e a Amazônia estão tomando no Brasil e no mundo. Porém, qual é a porta de entrada para tudo isto? O pequeno, apertado e retrógado Aeroporto Internacional de Belém, também conhecido como Val de Cans.

    Empurrado com a barriga pela gestão da Infraero por mais de 20 anos, o terminal aeroviário da capital paraense que já esteve entre os mais modernos do país no início dos anos 2000, parou no tempo desde então. Hoje, o terminal de passageiros de Val de Cans opera acima de sua capacidade e não oferece o mínimo conforto aos seus passageiros. Em horários de pico, não há sequer lugar para sentar dentro da sala de embarque, a climatização parece simplesmente inexistente e as filas se misturam entre si, formando um verdadeiro aglomerado de dezenas de milhares de pessoas que se acumulam por ali todos os dias. O problema vai adiante, além da urgente necessidade de ampliação do terminal de passageiros, o aeroporto precisa ter também seu pátio de aeronaves ampliado consideravelmente. Além de taxiways para facilitar a manobra de aeronaves de grande porte (wide bodies) que serão cada vez mais frequentes em Val de Cans. Como agravante o aeroporto destinado à aviões de pequeno porte da capital foi fechado definitivamente para dar espaço a um parque estadual. Transferindo sua demanda ao aeroporto internacional que fica a apenas 5km dali, acrescentando ao tráfego de Val de Cans, mais dezenas de operações diárias, entre pousos e decolagens de aeronaves de pequeno e médio porte. 

    


    Em 2022 o terminal foi leiloado e será concedido para iniciativa privada este ano. A empresa contemplada foi um consórcio formado entre Socicam e Dix Empreendimentos (Conforme texto publicado no blog em 15/01/2023: Aeroporto de Belém Será Concedido à Iniciativa Privada Com Promessa de Transformar o Terminal em Hub). Ainda no primeiro semestre deste ano deverá ser assinado o contrato para o inicio da concessão e a empresa contemplada terá grandes desafios pela frente. Receberá um terminal totalmente afogado que não consegue atender sua demanda e o tempo é um fator limitante. Com a possibilidade da realização COP 30 na capital paraense, medidas urgentes precisam ser tomadas. Mais de 400 aeronaves são esperadas somente no período do evento, em um terminal que sequer consegue suportar sua demanda regular. Não há mais espaço para 'puxadinhos'. Muitos anos foram perdidos na gestão da Infraero. O terminal precisa ser urgentemente ampliado e as obras precisam iniciar imediatamente.



Por: Bruno Fernandez

Foto 1: Pátio de aeronaves complamente lotado em horário de pico. (Raphael Magalhães)

Foto 2: Saguão principal com longas filas de check-in se aglomerando. (O Liberal)

Comentários

  1. Preciso como sempre ! Leitura muito válida !

    ResponderExcluir
  2. Tens ainda que falar da questao da segurança da sala de embarque, que agora é feito por muitos jovens aprendizes como forma de baratiar os gastos com pessoal por parte da empresa responsável pela segurança

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

3ª Maior Mina de Ouro do Brasil Está em Fase Final de Construção no Pará

Usina Termelétrica a Gás Natural Será Construída no Pará

Com a Chegada das Gigantes BHP e Glencore, As 4 Maiores Mineradoras do Mundo Já Fincam Suas Bandeiras no Pará