Os 5 Principais Gargalos de Infraestrutura em Belém para Sediar a COP 30

    Com a escolha de Belém para sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas em novembro de 2025, muitos gargalos da cidade vieram à tona. Sem dúvidas será o maior evento já realizado nos 407 anos da cidade. Listamos aqui os 5 maiores problemas de infraestrutura da capital paraense. 


Neste texto, focaremos somente nos problemas de infraestrutura da cidade, excluindo questões como saúde, segurança pública, etc.

  • Mobilidade Urbana:
A começar pelo péssimo transporte público na capital, com sua frota extremamente velha e defasada. Não oferece o mínimo de conforto ao passageiro e é altamente poluente ao meio ambiente, o que vai totalmente contra o objetivo do evento. Como é possível em pleno século XXI os ônibus de uma das capitais mais quentes do país ainda não terem ar condicionado? Acaba que o transporte público da cidade serve somente a parcela da população que realmente não tem condições de usar transporte por aplicativo ou taxi, o que faz com que muito mais carros circulem nas ruas. Tornando o transito um verdadeiro caos, além de aumentar demasiadamente a poluição. A falta de conforto, vai além da frota de ônibus os pontos de parada de ônibus são um verdadeiro desrespeito com a população e não oferecem o mínimo de condições para o usuário do transporte. E os problemas não param por aí, hoje em Belém o motorista que trafega pelas ruas da cidade tem que escolher em qual buraco cair, pois as ruas encontram-se em péssimo estado, o péssimo asfalto colocado nas vias não dura mais que poucos meses e o motorista dirige desviando de um buraco e caindo em outro.












  • Saneamento Básico:

Os chamados 'canais', que não passam de esgotos a céu aberto são marca registrada da capital paraense. Se agravam nas periferias, porém não se restringem somente a elas, são facilmente encontrados nos bairros do centro da cidade, inclusive nos mais nobres. De acordo com dados disponibilizados pelo Sistema Nacional sobre Saneamento (SNIS), Belém tem menos de 3% de seu esgoto tratado e somente 15% da população da capital paraense possui coleta de esgoto. Esses números colocam Belém como a 4ª pior cidade brasileira em tratamento de esgoto, perdendo somente para três cidades em todo o país, curiosamente, sendo uma delas, a vizinha Ananindeua.

 


  • Aeroporto:
Este sem dúvidas hoje está entre os principais gargalos da cidade, como já publicado anteriormente no blog em 15/02/2023. O Aeroporto Internacional de Belém será a principal porta de entrada para os visitantes que chegarão para a COP 30 e este não possui a menor condição de receber demandas além de seu atual volume de passageiros/aeronaves. O terminal encontra-se totalmente sobrecarregado e precisa urgentemente de uma grande ampliação. Empurrado com a barriga pela gestão da Infraero por mais de 20 anos, o terminal aeroviário da capital paraense que já esteve entre os mais modernos do país no início dos anos 2000, parou no tempo desde então. Hoje, o terminal de passageiros de Val de Cans opera acima de sua capacidade e não oferece o mínimo conforto aos seus passageiros. Em horários de pico, não há sequer lugar para sentar dentro da sala de embarque, a climatização parece simplesmente inexistente e as filas se misturam entre si, formando um verdadeiro aglomerado de dezenas de milhares de pessoas que se acumulam por ali todos os dias. O problema vai adiante, além da urgente necessidade de ampliação do terminal de passageiros, o aeroporto precisa ter também seu pátio de aeronaves ampliado consideravelmente. Além de taxiways para facilitar a manobra de aeronaves de grande porte (wide bodies) que serão cada vez mais frequentes em Val de Cans. Como agravante o aeroporto destinado à aviões de pequeno porte da capital foi fechado definitivamente para dar espaço a um parque estadual. Transferindo sua demanda ao aeroporto internacional que fica a apenas 5km dali, acrescentando ao tráfego de Val de Cans, mais dezenas de operações diárias, entre pousos e decolagens de aeronaves de pequeno e médio porte. (O texto completo pode ser lido neste link: Um Gargalo Chamado Val de Cans).


  • Rede Hoteleira:

O deficitário setor hoteleiro na capital também não está pronto, hoje a cidade conta apenas com aproximadamente 25 mil leitos. A COP 30 promete trazer à Belém aproximadamente 60 mil pessoas. Hoje a cidade só teria capacidade de atender 42% da demanda do evento. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Indústria de Hotéis (ABIH). Em aproximadamente dois anos e meio restantes para a data do evento, a cidade precisará de 35 mil novos leitos em hotéis para atender os visitantes. Para a ABIH, a ajuda do poder público será fundamental na resolução deste gargalo, que poderá deixar ótimos legados para o turismo da região após o evento.    
  • Trânsito Mal Coordenado:
A falta de educação da população somada à ineficiência dos órgãos fiscalizadores ajudam a tornar o transito da capital um verdadeiro caos. Motos trafegam na contramão livremente, geralmente sem capacetes e não raro, transportando três, as vezes até quatro pessoas simultaneamente. Cenas como esta infelizmente são normais em Belém. Os semáforos parecem ser meramente luzes decorativas, pois nem 20% da população obedece as luzes indicativas, salvos em vias que realmente não dão para avançar devido ao tráfego intenso. O transito da cidade não segue regras claras, é mal organizado e violento. Segundo dados da Secretaria de Mobilidade da capital em 2021 a cada hora pelo menos um acidente é registrado no transito da cidade, o que soma uma média de quase mil acidentes por mês e até 30 acidentes por dia. Números realmente assustadores.

    Fato é que a cidade precisa de intervenções imediatas com grandes investimentos em melhorias para que possas estar preparada para receber a COP 30, porém a boa notícia é que eventos desta magnitude aceleram soluções e deixa bons legados para a cidade após a realização da conferência. Além de colocar Belém nos olhos do mundo, o que pode fomentar e perpetuar definitivamente o ainda fraco turismo na Amazônia.  

Fontes:
https://agenciabelem.com.br/
https://revistaoeste.com/
https://www.oliberal.com/

Texto: Bruno Fernandez

Comentários

  1. Mobilidade urbana. O texto só se referiu à mobilidade viária. A pedestre é mais crítica. Tente se locomover n pela Pres Vargas, no trecho entre Riachuelo e Santo Antônio. Siga pelas transversais Manoel Barata, 13 de Maio, Santo Antônio, João Alfredo, 15 de Novembro, Castilhos França...Ah, meu Deus

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  2. Centro histórico de Belém é um verdadeiro camelódromo, entra governo e sai governo e não acabam com isso, é uma vergonha a deterioração e a falta de cuidado com o patrimônio por parte de muitos proprietários de imóveis e da própria falta de fiscalização da prefeitura/estado.

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